quinta-feira, 16 de setembro de 2010

A MISÉRIA DA ARTE DESPEDAÇADA




     Muito se tem dito sobre a época atual, essencialmente com relação à economia, à política e à violência. Detecta-se, por sua vez, uma constatação catastrófica - senão imoral, naquelas áreas, isso por força e constatação dos fatos: a miséria humana em escala ascendente, a política descendo os degraus da mediocridade e a economia assumindo sua face verdadeiramente desumana. Também, paralelo a tal situação, embora com menor preoculpação à essa outra questão ou, possivelmente, devido a pouca bagagem culturalmente eclética por parte de nossos intelectuais, podemos dizer que existe uma palpérrima produção literária com relação a uma crítica contudente a figura do Estado, como ente responsável pelas questões essenciais para a qual ele fora historicamente criado, mesmo nossos olhos estando testemunhando sua falência institucional, sua desmoralização funcional e seu descrédito quanto ao seu fundamental e imprescindível papel, que é a manutenção da ordem social e a realização dos anseios da coletividade.
    Dentro desse triste quadro existe, ainda, um outro, também lamentável, e que o mundo, ainda, não parou para analisar e que representa a Alma da Humanidade. Refiro-me ao mundo da estética como veículo expressivo da alma humana. Nesse particular podemos dizer, sem sombra de dúvidas, que a Arte está morrendo, ela como símbolo altaneiro e voltado para o aperfeiçoamento moral do homem e para a defesa das transformações sociais, políticas e econômicas importantes, como essa é a finalidade da verdadeira arte e o verdadeiro ofício do artista. Está, por razões diversas, desaparecendo o espírito dessa forma de Arte e surgindo as manifestações mais decadentes de uma pseudo-arte, no mundo da literatura, da pintura, da dramaturgia, da música e do cinema. E esse paradoxo traz, para a sociedade, os efeitos mais drásticos e nafásticos possíveis, porque se trata de uma espécie de criação da mais baixa ordem moral possível e que se alastra pela sociedade, graças a forma pela qual um pequeno grupo, no mundo inteiro, se aproveita do poder de domínio que exerce sobre os veículos de comunicação de massa, graças aos contratos de concessão feitos junto aos Estados - degradados e irresponsáveis do seu legítimo papel, diga-se de passagem, espalhando o comportamento hedonista e, com isso, libertinando as massas com o intuito de aliená-las do seu papel importante com relação às questões políticas e econômicas de sua época.
    Por outro lado, podemos dizer também que o fim da Arte também implica, por consequência, o desaparecimento do Artista, este como dono e possuidor de um espírito letrado, eclético e capaz de fazer com que seus admiradores ou seguidores reflitam criticamente o tempo e o espírito de sua época. Esse artista está desaparecendo por várias razões e, dentre algumas mais importante, podemos citar o pouco preparo intelectual, a falta de grandes e importantes leituras e uma preoculpação maior em obter cada vez maiores lucros em detrimento da qualidade de sua obra produzida. Os intelectuais e artistas verdadeiros estão com os dias contados, porque eles não serão tão facilmente substituídos quando desaparecem, o que implica em dizer que à medida que o tempo passa as formas de artes tornar-se-ão escrementos feitos por imbecis, tolos ou medíocres. E isso vale e prevalecerá na música e no teatro, na literatura, no cinema e na pintura.
   Quando, pois, a Arte já não é mais Arte, como estamos acompanhando esse processo em nosso mundo atual, torna-se fácil dizer, mas com profudo lamento, que estamos morrendo por dentro e correndo o grave risco da sociedade moderna se desagregar pelas forças descontroladas e desequilibradas da imoralidade, da violência, da criminalidade e formas outras mais comprometedora da paz mundial, assim como a História nos tem revelado noutras épocas passadas.

Guina
   

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