segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Conexão Lia Nagel: Riscos de uma relação do tipo: Sexo e Amizade

Conexão Lia Nagel: Riscos de uma relação do tipo: Sexo e Amizade


BOM SERIA QUE, ENTRE UM HOMEM E UMA MULHER, OS SENTIMENTOS DE ÁGAPE E EROS SE MANIFESTASSEM SIMULTÂNEOS E CONCOMITANTEMENTE. MAS ISSO, ENTRETANTO, NEM SEMPRE ACONTECE. O QUE ACONTECE É UM JOGO SUTIL ONDE O SENTIMENTO DE ÁGAPE É REVELADO ENQUANTO QUE O DE EROS FICA ESCONDIDO (RECALCADO). QUANDO OS DOIS, ENFIM, COMEÇAM A SE GOSTAREM ACABAM ENTRANDO, SEM PERCEBER, NUMA SITUAÇÃO PARADOXAL ONDE, NORMALMENTE, UM DOS SENTIMENTOS VAI SE SOBREPOR AO OUTRO: EROS SOBRE ÁGAPE OU ESTE SOBRE AQUELE. O RESULTADO DISSO É UMA TRAGÉDIA MARCADA OU PELO ROMPIMENTO, EM RAZÃO DA PERDE DE EROS POR ÁGAPE, UM, ÀS VEZES, UMA TRAGÉDIA PASSIONAL, EM RAZÃO DE EROS SOPREPOR-SE A ÁGAPE, COM TODA SUA FORÇA INCONTIDA.
SOBRE O TEXTO DE LIA NAGEL, ELE É MUITO BONITO, DEVENDO, SUPONHO, BUSCAR NOVOS ELEMENTOS DE EXPANSÃO.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

 
AS VEIAS ABERTAS DO BRASIL CONTINENTAL - PEQUENO ENSAIO DE AQUEOLOGIA SOCIAL


Munido, até os dentes, com os pensamentos do filósofo alemão Frderiech Nietsche e suas visões de transmutação dos conceitos, alguém, com pleno estado de liberdade espiritual, poderia também "brincar" com as ciências, misturando-as não so as sociais com as naturais, e vice-versa, como, ainda, partindo delas fecundar novas ciências, com conceitos, preceitos e pressupostos retirados dos mais distintos saberes humanos. Assim como se pode criar uma nova ciência como, por exemplo, a Psiquiatria Política, Neurobiologia, Neuropsicanálise, Filosofia Política, etc, também se poderia criar uma "Arqueologia Social" para estudar, como objeto, não os nichos arqueológicos de civilizações antigas e já desaparecidas sob os escombros da terra, mas a realidade social, política e cultural das organizações estatais, sem que tais ordens sociais tenham desaparecidas. E é o que pretendemos fazer, nos tópicos que se seguem.
Quando toda a sociedade brasileira assistia, pessoalmente ou pela televisão, a posse da primeira mulher ao cargo do Poder Executivo - isso sem contar na posse dos novos congressistas, Deputados e Senadores, do Poder Legislativo e dos nomes daqueles que iriam compor o ministério: não invocamos o Poder Judiciário porque este, como se sabe, é formado, inicialmente, por concursados e, posteriormente, pelo sistema de promoção. Mas convêm ressaltar que a este Poder compete aplicar as leis que são criadas pelo Poder Legislativo, independentemente se tais leis, no seu conjunto, forma, ou não, uma ordem social com seu povo mais bonito, melhor assistido, bem alimentado, melhor vestido, com seus filhos, desde o período de cheche, passando pelo ensino secundário, até às Universidades, serão bem educados e formados ou não, para o bom crescimento e progresso da Nação e melhor exemplo para o mundo.
Mas, voltando à posse da primeira presidenta do país - e aqui incluindo seu discurso de posse, talvez eu tenha sido uma das poucas pessoas que não tenha dado praticamente nenhuma importância aquele fato histórico, de natureza política. Embora eu estivesse vendo, pela televisão, o entusiasmo da Nação, por outro lado esse entusiasmo não me contagiava, isso porque independentemente do processo sucessório que vinha ocorrendo dentro do Poder Executivo, como, ainda, dentro do Poder Legislativo, eu estava com a cabeça voltada para outras preocupações sociais e que implica, direta ou indiretamente, na perpetuação de um país atrasado, de um povo perdido e de uma nação de miseráveis. Minha preocupação estava em algo que, dentro da conjuntura do Brasil, tem mais poder e influência que os Três Poderes da República Brasileira, e esse algo é o Sistema de Comunicação de Massa, a Mídia televisiva e radiofônica, explorada pelo capital empresarial privado e que consegue, mais do que os Três Poderes reunidos, obter melhores resultados históricos sobre a sociedade brasileira do que eles, só que de forma muito mais prejudicial do que benéfica, através do processo de construção de uma mentalidade bestial, imbecilizada ou medíocre, graças ao nível, tipo ou conteúdo dos programas que são, diariamente, levados aos lares brasileiros.
O Brasil, arqueologicamente falando - estou me referido à Arqueologia Social construída acima, não tem futuro político nenhum, no sentido da existência de uma política que traga, sem sofismo ou maquiavelismo, benefícios a todos, atendendo aos anseios, desejos e aspirações da Nação, enquanto sinônimo de Povo, essa coisa que a Constituição afirma que todo poder emana do povo. O Povo, como expressão política, está completamente perdido e assim perdurará para todos os séculos enquanto, fazendo-se uma "radiologia social" do país, existir e persistir, no inconsciente coletivo da sociedade, as estruturas simbólicas que são como que as forças de atraso psicológico da sociedade e das modificações sociais, políticas, culturais e jurídicas do país, independentemente de sabermos que o Brasil são dois países monstruosamente desiguais vivendo, convivendo e se guerreando entre si, devido os graves contrastes sociais existentes nele, desde quando começou a ser povoado, passando pelos períodos Colonial e Imperial até chegar aos nossos dias, chamados de República: República Federativa dos Estados Unidos do Brasil.
E por falar em República, não seria equívoco falar, arqueologicamente falando - estou novamente me referindo a Arqueologia Cultural, que dentro do Território brasileiro convivem duas realidades republicanas, uma que é rica, representada por uma pequenissima minoria, e outra que é pobre, formada pela maioria esmagadora, formada por milhares e mais milhares de brasileiros que são sugados e explorados pela estrutura econômica e financeira existentes, sendo eles mais úteis para pagar seus impostos do que dignos para receber do Estado aquilo que para eles são imprescindíveis a uma vida decente: boa educação, bom salário, boa previdência e boa assistência médico-hospitalar: existe um Brasil matando um outro Brasil, e esse cenário não pode melhorar se, porventura, não ocorrer mofificação qualitativa tanto nos Poderes Executivo e Legislativo e no conteúdo de cultura que vem sendo produzida por aqueles que vem construíndo uma mentalidade social degenerativa, através de um Sistema de Produção Cultural Midiática irresponsável e prejudicial ao bom desenvolvimento do Povo e na construção de uma sociedade com melhores valores de Honra, Caráter e Respeito.
Fotografando-se o Brasil do alto, com alguma espécie de máquina futurista ou, então, olhando o Brasil do alto, com algum óculos poderoso para ver, como um raio-x, a estrutura esqueletual do Brasil de expressão continental, o que se iria ver eram bolsões de pobreza e miséria em todas as Unidades da Federação Brasileira, ao lado de pequeninas ilhas formadas por ricos, e dentro daqueles bolsões correndo toda espécie de degradação humana imagináveis ou inimagináveis. Pelas ruas e avenidas das cidades brasileiras não iriamos ver, do alto, um povo contente e feliz dentro do seu próprio território, mas sim um povo tenso e preoculpado com o amanhã e o futuro, sendo arrastado por um sistema de economia e financeiro que espoliam as famílias brasileiras, que impedem que o povo tenham boas e úteis oportunidades sociais, que o Brasil não seja, enfim, um país de todos, por todos e para todos, mas simplesmente como se fosse um Quadro de Instituições com um Corpo de Leis que se encarregam, brutal e insensivelmente, de fazer com que para uma pequena minoria a vida seja uma festa ou um prazer, enquanto que para a minoria ela venha a ser uma penitência, um fardo ou uma via cruci.
Quando, da boca de qualquer político, sai o cantilena do "desenvolvimento" e do "crescimento", como fazem todos eles, eu, cá comigo, já sei, de antemão, que tais bandeiras nada mais significa que conduzir o Povo brasileiro mais ainda ao trabalho meramente da sobrevivência, por um salário que se converterá apenas no parco pão do dia a dia, sem que tais ganhos desse "desenvolvimento" e "crescimento" sirvam para que o Povo que trabalha venha a ter uma vida mais esperançosa e alegre. "Desenvolvimento" e "Crescimento" nas ladaínhas das Democracias de hoje, como nos idos da sua criação histórica, nada mais foi que levar o Povo a um trabalho que, ao final, apenas deixava os ricos mais ricos e os pobres mais pobres. Neste particular, sei, de antemão, que o Povo brasileiro não será beneficiado, como deveria ser, com base nessa política de "desenvolvimento" e "crescimento" como, indistintamente, todos os políticos falam e pregam, inclusive os que são empossados no cargo hierarquicamente mais elevado da Nação, o Executivo. Esse discurso vago, puramente romântico, serve apenas como retórica e, como somos um povo retórico, graças às influências das civilizações grego-romanas, então tornou-se uma moda linguística iludir às massas com discursos vazios e norteadores de nossos líderes, como aconteceu na fala da presidenta atual do Brasil, como acontecerá na fala de todos os outros que lhe sucederão.
O Brasil não muda e não mudará, enquanto sua Arquitetura Social for esta que poucos olhos sabem prescrutar. Não muda porque mesmo que tenhamos - e a temos, uma Constituição que, a iniciar com seu preâmbulo, já se revela extremamente preoculpada com a miséria social brasileira, fruto na maioria das vezes da grande onda crescente de todas as degradações, o Congresso Nacional, através dos seus representantes, nada e absolutamente nada fará no sentido de dar um avanço jurídico para retirar o Brasil desse seu horrendo estado de ignominia social, sendo representado por uma sociedade de contrastes sociais tão infame e infamante como nos seus tempos de Colonia ou de escravidão, o que significa uma tristeza medonha para o slogan da Bandeira Brasileira e o Hino Nacional. Para se ter uma ideia da Catástrofe Social Brasileira, basta saber que o País ainda não é capaz de prestar, ao Povo, nenhum Serviço Público com eficiência, à altura como deveria sê-lo prestado, principalmente se tal serviço for com relação à Segurança Pública, à Assistência à Saúde, à Educação e à Previdência, ou seja, os serviços mais essenciais e imprescindíveis para medir o nível de um país qualquer, isso sem falar que o Brasil representa, no cenário mundial, uma das sociedades onde a distribuição de renda é uma das piores do mundo.
Nunca, como vai, o Brasil será um país como gostaria de sê-lo, como propagandeiam seus órgãos públicos, através de reportagens políticas pagas ou de comentários parciais. Dentro dessa triste realidade, omitida pelo Poder Público e pela Imprensa, podemos constatar que o Brasil continuará caminhando com seu Povo perdido, com sua Juventude se degradando, com uma sociedade cada vez mais violenta, com um solo que sobre o qual cada vez mais o país implantará prisões, penitenciárias e adotará um modelo penal repressivo, já que não existe, e não existirá, um Congresso Nacional à altura de questionar as razões e causas do crescimento da violência brasileira, mas que acatará a existência de um Estado cada vez mais violento, armando em vão seu policiamento repressivo, criando leis com sanções mais severas e ampliando ou aumentando o número de cadeias e de penitenciárias, para onde serão levados aqueles que se marginalizaram muitas vezes pela falta de uma Justiça Social melhor distributiva e mais democrática. Entristecem os olhos mais humanos quando vêem, pela Mídia, o aparecimento de programas imbecis e irresponsáveis criando reportagens sensacionalistas, expondo a Povo ao mais baixo ridículo e a mais atroz humilhação, quando muitos deles cometem atos ilícitos, sem que esses programas apontem a Estrutura Jurídica e o Modelo de Estado brasileiros como grandes responsáveis pelo processo diário e contínuo da degradação do povo brasileiro, envolvendo-se com as formas distintas da criminalidade por não ter tido, talvez, as mesmas oportunidades e meios por pate de uma política social mais humana e justa.
Vivemos, queiramos ou não, dentro de uma grave crise institucional, já que nossas Instituições, desde a proclamação da República, em 1828, até hoje, com o advento do mais lindo e revolucionário texto jurídico que o país já teve, em nada e absolutamente nada melhorou a situação do Povo brasileiro, que continua padecendo e sendo vítima de um modelo jurídico socialmente retrógrado e uma estrutura econômica e financeira barbáreas, sem contar que o Sistema de Comunicação de Massa, a televisão e o rádio, vem implantando no país uma espécie de sub-cultura que contribui, às vezes, para o retardo da Consciência Nacional e, outras vezes, para o rebaixamento moral e ético do nosso povo, toda vez que tais serviços de formação e educação da Nação dá mais prioridade à programas que exploram à sensualidade, explorando cenas de mulheres e jovens com a bunda de fora, com gestos de pura ousadia e de apelatividade, querendo com isso obter maiores índices de audiência com relação às emissoras concorrentes e, obviamente, os empresários exploradores desse tipo de comunicação de massa obter maiores e melhores contratos comerciais, indiferentemente se estão ou não contribuindo para o degredo de um Povo. Não devo acreditar que por Liberdade de Imprensa venha significar que o capital empresarial privado, explorador do sistema de comunicação de massa, por força de concessão permitida pelo Estado, utilize esse meio de comunicação dentro, muitas vezes, dos moldes que vem sendo explorado no Brasil, possivelmente também em outros países do mundo, isso porque toda vez que o poder que representam as imagens e a linguagem são utilizadas sem levar em conta certos valores, como aqueles que contribuem para a edificação de uma sociedade mais justa, moral e mais ética, podemos constatar, psicológico, psicanalítico e psiquiatricamente que a sociedade que serve de receptadora delas sofrem sérias consequências.
Como eu disse, alguém porventura munido até os dentes com pensamentos mais avançados sobre a realidade de um Povo, como, por exemplo, fi-lo com relação a situação brasileira, facilmente se pode fazer um prognóstico se esse Povo será feliz ou não, se essa Nação será forte ou não, se esse Governo será útil ou não, se tal ordem jurídica será boa ou não, se o sistema econômico ou financeiro que vigora dentro do Território é aprazível ou não, ou seja, se seus efeitos benéficos chegam para todos ou não. Nunca, nunca acreditei no futuro político do Brasil, por mais volumosa que sejam as propagandas a respeito desse Gigante Adormecido, por melhor que seja sua credibilidade no exterior, por mais esperançoso que seja seu Povo, ainda assim assino embaixo: O BRASIL É DESPOSSUÍDO DE POLÍTICO VISIONÁRIO, DE LÍDER VERDADEIRAMENTE NACIONAL.

AGNALDO

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

PERDIÇÃO

não ter o que escrever e muito para se ver
tenho andado e viajado muito sem querer
indo em busca de algum lugar diferente
onde a vida não seja o comprar e o querer

e mesmo onde nunca chegar me imaginei
tudo o que vi foi um comércio que se fez
- um dia o beijo parece que será leiloado
e dizem que o beijo já está sendo cobrado

um beijo dado por alguma soma qualquer
a depender da boca que esteja sendo dada
e da loja que esteja sendo melhor ofertado

porque o amor se converterá em pecúnia
e facilmente qualquer boca falará de amor
se por trás do beijo brilhar ouro, fama, prata

Agnaldo

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

MUNDO VASTO MUNDO

hoje o amor acabou, naturalmente
sem choques, espantos e tormentos;
os carros trafegam normalmente...
e neles, os amantes tranquilamente

a televisão anuncia novo progrma
e outra novela virá ao final do mês;
hoje deve ter festa em algum lugar
e os amantes podem ter esperanças

amanhã o amor acabará... normal!
já choramos isso outras vezes, não?
agora, o amor, tanto fez tanto faz

ninguém sofrerá tanto como antes
se morre um amor - e serão muitos!
nada importa: tudo está uma piada.

Guina

ABRAÇO

de ponta a ponta de uma mão a outra
- mãos que se abrem como uma flor
cabe algo tão bonito quanto o mar...
- falo do abraço apertado que se dá

um mar tão lindo quando nos aperta
um aperto tão gostoso de se sentir
um sentir tão imenso que se soma
um somar-se imenso que se infinita

de ponta a ponta de uma mão a outra
cabe tudo, tudo cabe, cabendo tudo
tudo cabendo bem mais que o mundo

se de ponta a ponta fundem-se dois
os dois que se fundem formando um
cabe os beijos mais lindos do mundo.

Guina

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

ETERNA LUTA




     O alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel, ou, simplesmente Hegel, como o é mais conhecido, é o autor de uma obra que exerceu grande influência no mundo, desde quando da publicação da mesma, no século XVIII. Estamos falando do seu livro A Fenomenologia do Espírito.
     Entretanto, sabe-se que no campo da literatura o livro desse alemão que mais teve repercussão foi justamente o livro A razão na História, o qual até hoje tem sido uma das obras mais lidas e pesquisadas no mundo todo, por intelectuais, estudantes, psicólogos, psicanalistas, psiquiatras, etc. Ler tal livro tornou-se como que algo obrigatório para toda ou qualquer pessoa que admira o mundo das letras.
      Se Fenomenologia do Espírito foi, digamos, a obra mais lida na época, principalmente pela intelectualidade da Igreja, podemos dizer, porém, que, quanto ao seu livro A razão na História - uma introdução geral à filosofia da História, parece ser o mais estudado, pesquisado e debatido entre meia dúzia de homens singulares, com relação ao modo de estar no mundo e de agir sobre o mundo. Este livro do qual estamos falando, A razão na História, é fruto e consequência do pensamento interpretativo que Hegel fez sobre a mentalidade filosófica da Grécia antiga e os escritos do Velho Testamento, principalmente aqueles referentes ao Êxodo e sobre a figura de Moisés. Sem essas duas fontes, digamos, uma de natureza filosófica e outra de ordem teológica, Hegel não teria escrito sua A Razão na História, e que é um livro que não ultrapassa a fronteiras das cento e quarenta páginas. 
      Segundo à mentalidade filosófica dos gregos antigos, os deuses do Olimpo exerciam grande influência sobre os homens aqui na Terra, tanto para o bem como para o mal, conforme a conduta de cada qual e a pretenção de cada um dos deuses. Esse fenômeno de intervenção por parte dos deuses na vida pessoal das pessoas não era ainda, entre os gregos, da maneira mais abrangente como se encontra nos textos do Velho Testamento, principalmente com relação aos escritos sobre o Êxodo e em torno da figura de Moisés. Diferentemente da visão grega antiga, no Velho Testamento constatamos a presença ou intervenção de Jeová não apenas na vida das pessoas, mas, também, na vida dos povos em geral.
       Hegel, analisando a mentalidade filosófica da Grécia antiga e a mentalidade teológica do Velho Testamento resolve escrever uma obra que até hoje divide a Humanidade culta em duas partes: os pró Hegel e os contra Hegel. No seu livro A razão na História, Hegel admite que a História não é feita pelos homens e sim através deles e que cujo protagonista dela é Deus, agindo sobre homens escolhidos através de Ideias, estas como expressão do poder Divino que penetra em alguns homens e orienta o cenário da luta histórica através dos mortais. Com isso, dizem que Hegel cria uma filosofia da História e cujo condutor dela nada mais é que o próprio criador do mundo e de todas as coisas: Deus. Aos estudos de Hegel foi dado um nome pejorativo de Metafísica da História, principalmente pelos que não admitiam seu ponto de vista sobre a História e sua realidade: Karl Marx e seus seguidores. 
     Para Karl Marx, também alemão, a realidade Histórica é um fenômeno feito pelos homens e sem qualquer interferência de um deus qualquer. Para Marx, ao invés de algum deus agir através dos homens para dinamizar a História, são simplesmente os homens que a conduzem e tendo como fonte motriz não a a "presença" divina de algum deus, mas simplesmente as contradições histórico-materiais decorrentes das relações sociais de produção. 
     Os dois alemães acima, Hegel e Karl Marx, são, até hoje, os únicos responsáveis, no campo social, de criar uma cisão no pensamento Histórico: o mundo ficou dividido entre aqueles que acreditam na "intervenção" de Deus na vida das pessoas e nos acontecimento da História e aqueles outros que não acreditam em nenhum deus "interferindo" na vida das pessoas e nos fatos da História. Essa polêmica no campo das ideias, desenvolvidas por Hegel e Marx, jamais se chegará a um denominador comum definitivo, além de se constatar certo perigo tanto na filosofia metafísica de Hegel como na filosofia materialista de Marx. 
      Se abraçarmos Hegel, os crimes da História devem ser atribuídos a Deus, o Criador; se admitirmos o materialismo de Marx, os crimes da História são da responsabilidade exclusivamente dos homens. O perigo da Filosofia de Hegel está em não ver culpa alguma no homem, pelos seus atos, já que é Deus que age sobre os homens e através deles; enquanto que o perigo da filosofia de Marx consiste em "matar" Deus e por o homem como o centro de tudo. Uma sociedade sem Deus, é angustiante; uma sociedade com um Deus responsável por todas as coisas, é paradoxal. 
     Afinal, quem detêm a verdade: o alemão Hegel ou o alemão Karl Marx? Aqui estamos diante de duas visões de vida e de mundo e que tem  gerado o que chamamos de a Grande Divisão Gnoseológica Humana, provocando forte influência nas Ciências e na ideologia de alguns modelos de Estado. Hoje,  por exemplo, parece prevalecer dentre os cientistas em geral a teoria materialista, desenvolvida por Karl Marx, principalmente depois da divulgação dos estudos da teoria evolucionista apresentada ao mundo pelo inglês Charles Darwin, cuja teoria vem sendo rigorosamente adotada no campo da política por algumas Nações, a exemplo dos EUA, com sua política de expansão, domínio e de influência sobre os demais países do mundo, desde quando aderiu à corrida armamentista e de produção de armas atômicas; não acontecendo tal mentalidade, entretanto, com relação aos países do  Oriente Médio, os quais, na sua esmagadora maioria, adotam o modelo Estatal teocrático, e não laico. 
     Quando ao mundo presente, apelidado de neo-liberal ou de globalizado pela opinião econômico-financeira mundial, podemos dizer que venceu insofismavelmente o materialismo de Marx juntamente com o Evolucionismo de Charles Darwin, mas ambas as teorias aplicadas exclusivamente no campo da competitividade econômica ou de mercado. Com relação ao mundo religioso, estamos presenciando grande transformação, diferentemente dos tempos históricos mais recuados, isso possivelmente por força das modificações e transformações materiais e econômicas ocorridas nas últimas décadas. Diferentemente da realidade do passado, as Igrejas, muitas delas, já se lançam à frente no sentido de assumirem toda uma forma ou estrutura empresarial, lançando mãos dos meios e recursos da tecnologia moderna e dos métodos de manipulação e mercantilismo da fé humana. Nesse aspecto, lamentalvemente, parece que o futuro nos trará uma pregação metafísica voltada para a manipulação da mente das massas e pela formação de grandes fortunas expressadas por aquisição de imóveis e dos mais diversos meios que a tecnologia propõe, como rádio, canais de televisão, jornais, revistas, etc. E, nesse aspecto peculiar, o religioso sairá das premissas do criador do Cristianismo, Cristo, para atender a outros interesses, pessoais ou de grupos.
      Quando o filósofo Friedrich Nietzsche, também alemão, disse, no seu livro A Gaia  Ciência, a frase "Deus está morto", poucos e raros os que entenderam e compreenderam o grito daquele filósofo. Sua célebre frase foi, em verdade, a mais forte e impactante profecia já dita por um simples mortal, e talvez ele não o tivesse dito tal frase se, porventura, não fosse um dos maiores leitores e vorazes da cultura grega antiga, além de filólogo e conhecedor da língua grega, e que agora, ao que parece, já se começa a ser constatada, pois, para aquele pensador por todos temido ele quis dizer que os avanços naturais e inevitáveis das técnicas e da tecnologia, a expansão mundial do mercado e os interesses meramente econômicos entre os homens, estes, por sua vez, dariam continuidade, pela segunda vez, a matança de Deus, na pessoa do seu filho, representante daquele. E aos poucos estamos constatando tal veracidade, à medida em que os valores científicos vão predominando sobre os teológicos, à medida em que os valores materiais vão predominando sobre os morais, à medida em que o dinheiro vai predominando sobre o amor, à medida em que Deus vai sendo relativizado, à medida em que os valores humanos de natureza filosófica e cristãos vão sendo substituídos pela hipocrisia sutil e pelos interesses egoístas, à medida em que as Igrejas vão substituindo a prática cristã pelas práticas farisaicas, etc.  
     Quando, pois, o filósofo Nietzsche disse: "Deus está morto! Deus permanece morto! E quem o matou fomos nós! Como haveremos de nos consolar, nós os algozes dos algozes? O que o mundo possuiu, até agora, de mais sagrado e mais poderoso sucumbiu exangue aos golpes das nossas lâminas. Quem nos limpará desse sangue? Qual a água que nos lavará? Que solenidades de desagravo, que jogos sagrados haveremos de inventar? A grandiosidade deste acto não será demasiada para nós? Não teremos de nos tornar nós próprios deuses, para parecermos apenas dignos dele? Nunca existiu acto mais grandioso, e, quem quer que nasça depois de nós, passará a fazer parte, mercê deste acto, de uma história superior a toda a história até hoje!", não estamos diante de uma lamentação ou de uma exaltação manifestada pelo filósofo, mas, segundo o filósofo,  de uma constatação a partir da qual o mundo caminharia, como caminha, para a superação dos valores metafísicos pelas técnicas, além do fato dos homens não mais passarem a aceitar numa ordem cósmica transcendente e responsável pelos destinos da Humanidade aqui na Terra, fato que, conforme o filósofo, fará nascer sobre a terra a rejeição dos valores absolutos e o nascimento na descrença de quaisquer valores, fazendo com que a vida do homem perdesse seu sentido teológico para predominar o sentido material das coisas. 
      As ideias de Hegel são, digamos, ainda predominantes no mundo religioso e nas massas leigas, com suas relatividades e formas antagônicas ou dúbias, e, por estarem tais ideias no campo do antagonismo e da dubialidade, não seria erro dizer que elas, no seu conjunto, são responsáveis pela manutenção e preservação da ingenuidade social e política das massas em todos os países do mundo e do atraso material e espiritual que tais massas se encontram, daí, nessa particularidade, o grande embate ideológico, por exemplo, entre o pensamento do teólogo Leonardo Boff, representante da Teologia da Libertação, e a Igreja  Católica Apostólica Romana, representada na figura do seu Sumo Sacerdote, o Papa. Quanto ao pensamento materialista de Marx e ao pensamento evolucionista de Darwim, podemos dizer que  os que adotam tais premissas, e eles são a grande parte esmagadora dos que detêm o poder político e o poder econômico em sua grande escala, em verdade há muito que não concebem mais os pensamentos de Hegel, assim com no passado recuado, na época de Roma antiga, os próprios Césares e expressiva personalidades da classe patrícia detentora de grandes fortunas não acreditavam mais nos seus próprios deuses, embora fosse proibido e submetido à pena de morte todo aquele que do povo desacreditasse num desses deuses. 
     Assim como o cérebro humano é  dividido entre dois hemisfério, com funções diferentes, mas trabalhando entre si como um todo, assim como a Terra é dividida entre dois pólos, hemisfério Norte e hemisfério Sul, assim como a mente humana é dividida em duas partes, consciente e inconsciente, também é verdade dizer que tanto Hegel como Karl Marx, ambos alemães, foram os responsáveis na divisão da alma humana: uma que é cristã, metafísica e outra que é materialista e atéia, como também são os responsáveis pela forma de pensar o mundo e a história de nossos tempos, em todos os campos propriamente dito.

Guina

BEIJAMENTO



tua boca nua como nenhuma
apenas nela a ousadia crua
tua boca mais pura do mundo
epanas nela pulso e impulsos

tua boca nua como um uivo
nela apenas a vida pulsando
tua boca mais santa do mundo
nela apenas o vermelho-sange

tua boca apenas dada e voraz
aberta, entreaberta e risonha
com uma ânsia de mais e mais

a tua boca secreta de bocas...
revirando, mudando, revirada 
tua boca ao avesso, gozada. 

Guina