segunda-feira, 4 de outubro de 2010

FÉRETRO II



o féretro é do poeta, um louco varrido 
que ainda ontem, ainda um morto-vivo
fazia do beijo a sua desesperada sina
e pelos beijos ardentes vivia perdido...

morreu de súbito aceso e escrevendo 
arrancando a paixão das suas vísceras 
e dando ao mundo sua cruz reluzente
que carregava como se fosse um canto

em vida disse ser tudo mera tormenta
uma cadência de ilusoẽs e sofrimentos 
e via no beijo profundo a melhor saída

esse é o corpo morto do poeta risonho
que morto parece estar rindo de tudo 
e no riso vive seu mais novo enigma.


Guina

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